A Coordenação do MADE, apoiando iniciativa da Coordenação de Pesquisa a partir de maio de 2002 e objetivando a melhoria e o desenvolvimento do ensino e da pesquisa do seu Programa de Mestrado, implantou as chamadas 'Quartas de Seminários de Pesquisas', realizadas no campus Presidente Vargas, localizado na Avenida Presidente Vargas, 642, Centro, Rio de Janeiro. A realização dos seminários de pesquisa do MADE busca criar um ambiente favorável ao encontro e intercâmbio de idéias entre os membros dos corpos docente e discente do MADE e de outras instituições de pesquisa. Esta iniciativa se concretizou através da realização de 20 seminários entre maio e novembro de 2002, quase alcançando a marca de um seminário por semana. A programação de seminários de pesquisa em 2003 está disponível, a qual sofrerá atualizações constantes ao longo do ano. Informações pelo e-mail mestradoadministracao@estacio.br">mestradoadministracao@estacio.br
A questão da produção científica brasileira em administração vem ocupando bom espaço nas conversas face a face ou telefônicas e passou a fazer parte da própria produção. Isto se deve ao número razoável de trabalhos que já se estendem há mais de uma década, onde vários autores, inclusive este que redige estas linhas, se debruçaram sobre a produção própria e a de companheiros e de companheiras.
Falou-se sobre quantidade, qualidade, paradigmas, metodologias, áreas temáticas, fontes bibliográficas, autores referidos, e sobre a sua relevância ou ausência. Como tudo isto é muito recente, na verdade a pós-graduação brasileira no seu formato atual desenvolve-se há apenas quatro décadas, remontando o Primeiro Programa Nacional de Pós-Graduação ao governo do general Ernesto Geisel, acredito que alguma contextualização poderia nos auxiliar a continuar e aprofundar este debate. Deixemos claro que acadêmicos são sempre narcisistas e nada nos agrada mais do que contemplarmos a nossa produção científica. E sempre perguntamos ao espelho: “espelho meu, espelho meu, existe produção científica mais bela do que a minha?” E o espelho vem-nos respondendo com freqüência que não, re-assegurando a nossa satisfação.
A pós-graduação brasileira, em seu formato atual, representa a adoção de um modelo universitário prussiano desenvolvido por Humboldt na Universidade de Berlim no início do século XIX, mediada pela influência dos Estados Unidos. Os norte-americanos, embora colonizados pelos ingleses, adotaram em sua pós-graduação o modelo germânico. Na verdade a Graduate School que agrega as atividades de pós-graduação na universidade norte-americana é a transposição da Hochschule alemã. Em nosso país a intenção de adotar o modelo se manifesta em meados da década de sessenta, quando o falecido Conselho Federal de Educação -CFE, definiu pós-graduação e dividiu-a em stricto e lato sensu, até hoje assim permanecendo. A década de setenta iniciou o processo da sua implantação nos moldes atuais. Aos dotados de curiosidade histórica ocorreria perguntar se antes existia pós-graduação no Brasil. A resposta é afirmativa. Não havia mestrados, mas havia doutorados, livres-docências e concursos com regulamentação variada para acesso ao final da carreira docente, então caracterizada pelo acesso à cátedra e seu ocupante o venerável catedrático, eliminado pela reforma universitária de 1969. Ao que eu saiba, continua a existir hoje apenas na Alemanha. Estes alemães confirmam, a todo instante, ser um povo realmente estranho.
Quem quisesse continuar estudando após a conclusão da graduação poderia fazer nalgumas poucas universidades uma especialização. Era este o nome que tinha na Universidade de São Paulo, nada tendo a ver com o nosso lato sensu hodierno. O candidato à especialização faria o que bem quisesse, Poderia ou não assistir a cursos. Poderia ir para uma universidade no exterior a fim de complementar sua formação e, depois, tinha de escrever pelo menos uma peça monográfica, às vezes duas e até três, dependendo do catedrático sob cuja tutela realizasse a sua especialização. Esperava-se que essas monografias fossem dotadas de originalidade. Depois havia o doutorado. Era coisa raríssima. Só o faziam os já inseridos na carreira docente e que se doutoravam como parte de um processo de acesso na carreira, já que sem o grau não era possível passar à livre-docência e, sem esta, não se poderia transitar até a cátedra. Consistia apenas na redação de uma tese, que era julgada por banca de cinco membros. Esperava-se que fosse uma peça de maturidade acadêmica. Quase sempre dela resultava uma publicação de relativa importância. Depois vinha a livre-docência, sobrevivência cabocla e adaptada do “docente privado” da universidade alemã e, finalmente, o concurso para acesso à cátedra, que também implicava na apresentação de um trabalho inédito.
O que resultava deste sistema poderia ser considerada a produção científica de outrora. Reduzidíssima comparada com a dos tempos atuais. A sua qualidade não poderia naturalmente ser avaliada pelos padrões de hoje. A referência aos Anais dos nossos EnANPADs, com milhares de submissões e centenas de aprovações e dezenas de prêmios e menções honrosas, mostra que transitamos do artesanato à produção em massa. Não me entendam mal. Pode haver péssimo artesanato e excelente qualidade e valor adicionado na produção em massa e vice-versa. Mas o volume passou a ser uma variável fundamental na produção científica dos dias atuais.
Mas como o modelo nos chegou via Estados Unidos, seria interessante comparar isto com o que lá vem ocorrendo. O sistema nos Estados Unidos é mais antigo, remontando à primeira metade do século XX. Universidades norte-americanas já tinham mestrados e doutorados estruturados nos anos trinta e quarenta. Mas não no volume e produzindo a quantidade de mestres e doutores que hoje produzem. O passo acelerou-se após o final da Segunda Guerra Mundial e os anos sessenta e setenta testemunharam o grande aumento. O fato é que figuras importantes da academia americana poderiam não ser formalmente titulados ainda no início do século XX. E veneráveis octogenários e nonagenários, ainda vivos e que marcaram a academia e a produção científica de suas áreas, não sobreviveriam no sistema atual.
O passado não tomou o publish or perish ao pé da letra. E o resultado é que havia menos produção, em termos quantitativos. Mesmo grandes “estrelas” teriam uma produção em número de itens publicados muito menor que o trabalhador acadêmico médio ou mediano de nossos dias. Contratos de trabalho e práticas da academia norte-americana implicam em produzir para ascender na carreira e para obtenção da ainda tão cobiçada tenure. Acadêmicos que optassem por poucas, mas marcantes obras, encontrariam dificuldades. Como imaginar o jovem Talcott Parsons gestando o seu Social System durante anos? Como explicar David Landes e o seu Unchained Prometheus? Mesmo como explicar nosso David Selznick ou Robert Merton? Todos teriam dificuldades em ter seus contratos renovados diante de tão exígua produção. Fernand Braudel que passou anos seguidos na produção de O Mediterrâneo na Época de Felipe II, não tendo publicado mais nada. E isto para não ir a Heidelberg e verificar que Max Weber, com sérios problemas de saúde, não dava aulas e era desorganizadíssimo, produzindo praticamente nada. Só depois de sua morte é que Marianne Weber coligiu boa parte das notas que resultaram em Economia e Sociedade. Nada foi apresentado em reuniões e congressos anuais, mesmo porque não se realizavam como a regularidade atual. E tais eventos nem precisariam da metáfora da praça e do mercado como na atualidade.
Afinal o mundo mudou e seria conveniente que tentássemos entender quais os vetores desta mudança ocorrida. Não se pode negar que estamos hoje no mundo da “ciência normal”. Se formos “kuhnianos” literais ficaremos felizes com tal situação. Afinal a ciência no mundo atual se faz não com base na genialidade e criatividade individual, mas no trabalho em equipe, à semelhança do que ocorre no mundo organizacional de maneira geral. Simplesmente o que fascina na organização é que nela pessoas absolutamente normais são capazes de produzir coisas aparentemente geniais. Assim é no mundo da “ciência normal”. Acadêmicos comuns, como nós todos, nem de longe bafejados pelo sopro da genialidade, submetemos artigos, escrevemos para encontros e congressos, credenciamo-nos como pesquisadores e acabamos responsáveis pela acumulação de conhecimento, desde que atuemos no interior de um “paradigma”. O trabalho de Kuhn foi genial, apesar de ele nunca ter sido presidente da CAPES nem haver participado do Conselho do CNPq.
Mas o modo industrial de produção científica implica também em falta de originalidade inevitável, mas sempre com produtos metodologicamente certificados por ISOs diversas que asseguram a sua qualidade e rigor. Muitas vezes, ao lermos um produto, percebemos qual o referencial teórico em que ele está situado e, se formos do ramo, seremos capazes de saber quais são as conclusões, mesmo sem ler o trabalho. Trata-se de um gênero oposto ao filme de suspense. Aliás, até se aconselha que se conheça primeiro o final. Daí o produto sempre vir acompanhado de um “abstract” para conforto do consumidor (leitor).
A interrogação que permanece é qual a efetiva relevância de tudo isso que escrevemos e publicamos. Claro só o tempo dirá. Mas não é difícil prever que muito provavelmente não seremos lembrados, a não ser em blocos, como convém a produtos industriais. Ninguém se lembra de um produto singular, mas todos serão capazes de falar em Ford modelo T ou em rádios de válvulas a vácuo, ou de fibras de poliéster. Acredito que os poucos ainda lembrados serão os que produzem o que Kuhn chamou de novos paradigmas e que paradoxalmente acabam não fazendo “ciência normal”.
Mas não nos preocupemos muito com estas coisas. Eu mesmo devo encerrar esta opinião rapidamente para poder terminar um artigo que devo publicar senão a minha pontuação como NRD 6 cairá e acabarei prejudicando o programa ao qual estou vinculado. E ao fim e ao cabo devo reconhecer que esta opinião não se encaixa na linha de pesquisa da qual participo.
O professor José Odálio dos Santos, doutor em Finanças pela Fundação Getúlio Vargas (SP) e professor associado dos Cursos de Finanças do Mestrado da PUC-SP, lançou o seu livro revisado Análise de Crédito - Empresas e Pessoas Físicas, pela Editora Atlas.
O livro Gestão Contemporânea de Pessoas, organizado pela professora Claudia C. Bitencourt, do Programa de Pós-Graduação em Administração da Unisinos, foi lançado pela Editora Bockman.
A Editora Saraiva lançou o livro Métodos e Técnicas de Pesquisa em Contabilidade, coordenado pelo professor doutor Antônio Benedito Silva Oliveira, da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap).
A Universidade Presbiteriana Mackenzie lançou a Revista de Economia Mackenzie. Os interessados nesta publicação podem solicitar um exemplar enviando mensagem para o editor Leonardo Fernando Cruz Basso, através do e-mail leonardobasso@mackenzie.com.br">leonardobasso@mackenzie.com.br.
Um amplo debate da comunidade universitária e empresarial sobre gestão e atividades organizacionais pode ser encontrado na Revista Gestão & Tecnologia. Os artigos refletem as temáticas contemporâneas, promovendo o encontro da análise teórica e da prática gerencial. A publicação é da Fundação Pedro Leopoldo, com a participação do Mestrado Profissional em Administração.
Maiores informações: http://www.unipel.edu.br/, josefernando@unipel.edu.br">josefernando@unipel.edu.br, cep@unipel.edu.br">cep@unipel.edu.br